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  • Parcerias público-privadas: o que um gestor municipal precisa saber antes das eleições de 2024
eliane 10 de julho de 2024 0 Comments

As Parcerias Público-Privadas (PPPs) têm se mostrado uma ferramenta eficaz para promover o desenvolvimento urbano sustentável e a modernização das cidades brasileiras. Todos os candidatos a prefeito, vice-prefeito e vereador nos mais de 5 mil municípios brasileiros, se não sabem, deveriam saber disso.

Definidas como acordos de colaboração entre o setor público e o privado para a execução de projetos de interesse público, as PPPs permitem a união de recursos e expertise, gerando benefícios mútuos e, principalmente, melhorias significativas para a sociedade.

A relevância das PPPs no contexto das cidades inteligentes é indiscutível. Ao integrar tecnologia e inovação nos processos de gestão urbana, essas parcerias podem transformar a infraestrutura e os serviços públicos, promovendo eficiência e qualidade de vida.

No entanto, para que as PPPs sejam implementadas de forma eficaz, é essencial contar com uma legislação robusta que ofereça segurança jurídica e diretrizes claras para todas as partes envolvidas.

Neste artigo, para ajudar o candidato a pensar em suas propostas para iniciar um novo mandato ou continuar a atual gestão, preparamos este conteúdo para tornar o assunto mais fácil de compreender.

Histórico das PPPs no Brasil

O conceito de PPPs no Brasil ganhou destaque com a promulgação da Lei nº 11.079, de 30 de dezembro de 2004, que estabeleceu normas gerais para licitação e contratação dessas parcerias no âmbito dos Poderes da União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Desde então, diversas iniciativas bem-sucedidas foram desenvolvidas, principalmente nas áreas de infraestrutura, saneamento e mobilidade urbana.

Legislação atual

Atualmente, as principais leis que regem as PPPs no Brasil incluem a Lei nº 11.079/2004, mencionada anteriormente, e a Lei nº 8.987/1995, que trata do regime de concessão e permissão da prestação de serviços públicos. Além disso, a Lei nº 13.303/2016, conhecida como Lei das Estatais, também estabelece normas importantes para as empresas públicas e sociedades de economia mista participarem de PPPs.

Essas legislações fornecem as bases para a estruturação dos contratos de PPPs, abordando aspectos como garantias, divisão de riscos, financiamento e fiscalização. A existência de um arcabouço legal claro é fundamental para atrair investidores e garantir a transparência e a eficiência dos projetos.

Tipos mais comuns de PPPs em municípios brasileiros

No Brasil, os tipos mais comuns de PPPs aplicados a municípios incluem:

  • Concessões comuns: O parceiro privado é responsável pela construção e operação de um serviço público, como transporte ou saneamento, recebendo em troca tarifas pagas pelos usuários.
  • Concessões administrativas: O parceiro privado presta serviços ao ente público, que paga pelo serviço fornecido. Exemplos incluem hospitais e escolas.
  • Concessões patrocinadas: Combina elementos das concessões comuns e administrativas, com a remuneração do parceiro privado proveniente tanto de tarifas pagas pelos usuários quanto de aportes do ente público.

Benefícios das PPPs

As PPPs oferecem uma série de benefícios para os municípios, destacando-se a melhoria na infraestrutura, a eficiência nos serviços públicos e a atração de investimentos.

Em cidades inteligentes, por exemplo, as PPPs podem viabilizar a implementação de tecnologias avançadas em áreas como segurança pública, iluminação, saneamento e mobilidade urbana.

Além disso, as PPPs possibilitam que os municípios acessem recursos e conhecimentos técnicos que muitas vezes estão fora do alcance do setor público. Com isso, é possível realizar projetos de maior envergadura e complexidade, promovendo o desenvolvimento econômico e social da região.

PPP não é privatização

É importante destacar que uma Parceria Público-Privada não deve ser confundida com privatização. Enquanto a privatização envolve a transferência total de ativos e serviços do setor público para o privado, a PPP mantém o controle e a propriedade dos ativos com o governo.

Na PPP, o setor privado assume a responsabilidade pela gestão e operação dos serviços, mas dentro dos parâmetros e regulações estabelecidos pelo ente público, assegurando que o interesse público seja sempre priorizado.

Desafios legais

Apesar dos benefícios, a implementação de PPPs enfrenta diversos desafios legais. Entre os principais obstáculos estão a complexidade dos contratos, a necessidade de garantias e a divisão de riscos entre as partes. Para superar esses desafios, é essencial adotar boas práticas legislativas e seguir diretrizes claras.

A elaboração de contratos detalhados e bem estruturados, a utilização de mecanismos de arbitragem para resolução de conflitos e a transparência na seleção dos parceiros privados são algumas das práticas recomendadas para garantir o sucesso das PPPs.

Além disso, a capacitação dos gestores públicos e a busca por assessoria jurídica especializada são fundamentais para navegar pelas complexidades legais dessas parcerias.

Como um gestor municipal pode implementar PPPs

Para gestores municipais interessados em implementar PPPs, o processo pode ser resumido em algumas etapas-chave:

  1. Identificação de necessidades: Avaliar as áreas que mais necessitam de melhorias e onde as PPPs poderiam ser mais benéficas.
  2. Elaboração de estudos de viabilidade: Realizar análises técnicas e financeiras para assegurar que o projeto é viável e atrativo para investidores privados.
  3. Consulta pública: Promover audiências públicas para coletar opiniões e sugestões da comunidade e das partes interessadas.
  4. Estruturação do projeto: Desenvolver o projeto detalhado, incluindo todos os aspectos legais, financeiros e operacionais.
  5. Licitação: Lançar o edital de licitação, seguindo as normas legais, para selecionar o parceiro privado.
  6. Gestão do contrato: Acompanhar a execução do contrato, garantindo que todas as cláusulas sejam cumpridas e os objetivos do projeto sejam atingidos.

Casos de sucesso

Diversos municípios brasileiros já colheram os frutos das PPPs bem estruturadas. Um exemplo notável é o pequeno município de Guaratuba, no litoral sul do Paraná. 

Com cerca de 40 mil habitantes, Guaratuba tem diversos projetos de PPP, como o de iluminação pública. A prefeitura assinou o contrato em 2016 com prazo de 25 anos para a empresa responsável realizar a gestão, a ampliação, a operação e a manutenção do serviço no município.

De acordo com a prefeitura, 10 mil pontos de lâmpadas LED foram instalados na cidade e na zona rural de Guaratuba. A prefeitura tem um site que hospeda os contratos, atas, editais, pareceres e outros documentos relacionados a parcerias público-privadas.

Com o Marco Legal do Saneamento, municípios grandes e pequenos demonstraram interesse em realizar a concessão do serviço de distribuição de água e tratamento de esgoto.

A concessão permite investimentos significativos na infraestrutura local, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida dos moradores e o desenvolvimento econômico da região​.

No estado de Goiás, o governo estadual e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) assinaram contratos para firmar PPPs no saneamento de diversos municípios goianos.

Conclusão

As Parcerias Público-Privadas são uma ferramenta poderosa para o desenvolvimento municipal, especialmente no contexto das cidades inteligentes. A existência de uma legislação robusta é essencial para garantir a segurança jurídica e a eficácia desses projetos.

Gestores municipais devem explorar as potencialidades das PPPs, buscar capacitação e assessoria especializada para superar os desafios legais e implementar iniciativas que beneficiem suas comunidades.

Se você tem utilizado esta estratégia em seu município, continue assim! Se não, esperamos que estas informações sejam úteis para fazê-lo considerar tais parcerias.

Para mais informações e apoio na implementação de PPPs, convidamos os gestores a consultarem legislações relevantes e a procurarem assessoria jurídica especializada.

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